quinta-feira, 31 de janeiro de 2019

Atualização Hermenêutica de Tiago 5.1-6



Segue abaixo minha atualização hermenêutica de Tiago 5.1-6, último tópico da exegese apresentada para o Trabalho de Conclusão de Curso em Teologia.

Tradução da perícope de Tiago 5.1-6 do grego.

¹“Atendei agora os ricos: Lamentai clamando por causas das misérias que vos sobrevirão. ²
As vossas riquezas estão corroídas e as vossas roupas se tornaram comidas para as traças. ³ O vosso ouro e prata ficaram enferrujadas, e a ferrugem vos será para testemunho contra vós e comerá vossa carne. Entesourastes fogo para os últimos dias! 4 Eis que o salário, defraudado dos trabalhadores que ceifaram vossos campos, clamam, e o clamor dos ceifeiros chegaram até os ouvidos do Senhor Sabaoth. 5 Tendes vivido com prazer e luxo sobre a terra e tendes engordado vosso coração no dia de abate. 6 Tendes condenado e matado o justo: Ele não resisti a vós!”.



MÃOS DADAS 
Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
Estão taciturnos, mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considero a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.
  
Não serei o cantor de uma mulher, de uma história,
não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista pela janela,
não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicidas,
não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins.
O tempo é a minha matéria, o tempo presente,
os homens presentes, a vida presente.[1]

A poesia que acabamos de escrever acima é de autoria do escritor e poeta Carlos Drummond de Andrade e nos revela sua preocupação para com o contexto histórico-social de uma época marcada pela tendência global que se caracterizou pela mudança de comportamento, onde líderes de governos democráticos se tornaram em líderes autoritários, tais como Hitler na Alemanha, Mussolini na Itália, Franco na Espanha, Salazar em Portugal e finalmente Vargas no Brasil.
O que nos chama a atenção no presente poema é a postura assumida em relação ao outro, numa atitude de alteridade, de reconhecimento do outro, e a responsabilidade em que ele, o autor, chama para si mesmo. Denuncia o mundo como um mundo alienado/caduco, e não mais quer viver pensando num mundo melhor num futuro distante, mas pelo contrário, a visão da realidade em que vive o assusta e o leva a tomar atitudes de enfrentamento. Não se limita na luta por si, mas vai além do eu, a tomada de consciência de sua realidade o leva a perceber o drama existencial das pessoas que o cercam, reconhecendo como companheiros.
O termo “estão taciturnos”, estão calados, estão quietos, demonstra o desânimo da realidade que os cercam e que colocam suas esperanças apenas no futuro, numa espécie de espera paciente por um messias que pode acabar com seus sofrimentos.
A postura assumida por Drummond é o da solidariedade, ao oferecer suas mãos, ao andar de “mãos dadas” revela a intenção de quebrar a inércia e iniciar um movimento pautado na solidariedade humana diante da dura realidade que o cerca, o remédio encontrado por Drummond para este mundo em que se perde a referência da dignidade da pessoas humana é o caminho da solidariedade.
A última estrofe de seu poema é estarrecedor para todos nós, cristãos e cristãs, pois sua leitura da realidade demonstra a futilidade de se viver alienado aos dramas humanos no que tange a tentação/tendência que se tem de se fechar dentro de nossas torres de marfim e trabalharmos meramente na elucubração fantasiosa que não atende em nada aos nossos problemas sociais. O que temos em Drummond é a postura de proatividade, solidariedade no caminhar juntos para encontrar uma saída deste labirinto “caduco” e alienado que tende a manter o povo na ignorância.
Recentemente temos ouvido e lido em diversos meios de comunicação, material ou digital, sobre a polêmica reforma trabalhista promovida por nossos representantes. No Brasil segundo dados do TST (Tribunal Superior do Trabalho) a média mensal de ações trabalhistas propostas em todo o território nacional antes da reforma trabalhista era de aproximadamente 200 mil[2]. Números expressivos e severamente atacado pela grande maioria dos deputados que votaram a favor da medida por entenderem que existia algo “errado” com a legislação. Após a reforma trabalhista esses números, segundo dados da mesma fonte acima citada, revelam que a média mensal de novas ações caíram para 84,2 mil, mais de 54%, como afirma a revista Carta Capital.[3]
Ao olharmos rapidamente sobre os números podemos ser levados a pensar que a reforma trabalhista foi um sucesso, e de fato o foi, mas, infelizmente, não para os trabalhadores que são, ou eram considerados como parte hipossuficiente da demanda.
Isso porque, um dos princípios que regem o Direito Processual Trabalhista, bem como o Direito do Trabalho, são os da isonomia e o da hipossuficiência. Ou seja, o princípio da isonomia se dá no campo da igualdade, e esta, se dá com a máxima: “Tratar os iguais igualmente na medida de suas igualdades, e os desiguais, desigualmente na medida de suas desigualdades”. Neste caso, o que se concretizou foi uma afronta a Constituição Federal, não podemos ser ingênuos ao ponto de achar que o empregado está em pé de igualdade diante do enorme poder econômico das empresas. Neste ponto o princípio da hipossuficiência do empregado frente a relação de trabalho deixou de ser observado pois a CLT, Consolidação das Leis Trabalhistas, considera o empregado como a parte mais frágil na relação de emprego.  
Destarte, concluímos que as medidas que diminuíram as demandas judiciais não são justas, mas uma afronta a justiça, a Constituição Federal, a dignidade da pessoa humana pelo simples fato de exercerem um caráter fortemente inibidor, tendo em vista que antes da reforma o trabalhador não corria o risco de sofrer danos maiores caso perdesse o litígio, agora, neste novo cenário o empregado é alertado pelos novos dispositivos da lei que uma possível sentença desfavorável lhe acarretaria grandes prejuízos econômicos, gerando de forma coercitiva, ainda que psíquica, uma posição de suportar “apenas” os prejuízos suportado pelo empregado.
A realidade que se descortina aos nossos olhos é a do corporativismo empresarial e elitista da alta classe que luta por mais lucros em face dos pobres trabalhadores que são calados, agora de forma “legal”, e levados cada vez mais aos matadores, por terem um dos maiores direitos tolhidos dentro de um Estado de Direito Democrático, o trabalhador oprimido é obrigado a suportar os prejuízos sem o necessário acesso à justiça, seu direito de clamar por justiça as portas do pretório lhes foram “veladamente” cerceados!
Não há quem clamem por eles pelas injustiças suportadas!!
Ainda que a epístola de Tiago seja dirigida a uma universalidade de destinatários, de diversos tempos e espaços, podemos facilmente visualizar, no contexto histórico-social por ele vivido, as questões do sistema greco-romano que mantinha ideologicamente o governo.
Tiago surge como um profeta que não se conforma com as ambiguidades e as desigualdades pautadas e mantidas na injustiça social.
Na perícope de Tg.5.1-6 vemos a postura de Tiago, ainda que não tenha se dado em um caso concreto particular e especifico de sua comunidade, mas sim, era de fato uma realidade que cercava todo o império romano e que onde quer que a sua carta fosse lida seria compreendida sem grandes esforços.
Essa postura se dá claramente devido ao fato de que todas as ações realizadas pelos ricos se voltariam contra eles numa denúncia apocalíptica futura, mas breve, Tiago desvela a origem podre e corrupta da riqueza dos ricos, produzidas pelo sistema vigente e opressor.
Os pobres não tinham legitimidade para propor uma ação de reparação de danos sem que lhe houvesse alguém mais poderoso, geralmente, como se tratava de um sistema clientelista, essa figura protetora se dava no padrinho, que davam condições de pleitear junto aos tribunais a sua causa.
Os “clientes” deveriam se sujeitar aos seus “patrões” com honrarias durante as cerimonias, adulações durantes as festas ou nas aparições civis, em contrapartida eles lhes davam proteção, doavam monumentos aos templos, realizavam alguma benfeitoria pública. Quanto mais clientes o patrão tem, mais prestigio, mais terras, mais ocupações publicas eles teriam durante as divisões.
O problema se dá quando os próprios ricos que deveriam cuidar e velar pelos seus subordinados vendo sua fragilidade os oprime. Estes oprimidos não têm voz numa sociedade marcada por excluídos.  Demanda jurídica que se inicia não se dá entre os ricos e os pobres, visto que os ricos os oprimem não pagando por seus trabalhos, incorrendo com bem apontado por Tiago numa releitura de Levíticos como um caso claro e análogo ao assassinato em que os ricos praticavam diuturnamente sem se quer se preocuparem, mas pelo contrário, a demanda judicial se dá entre Deus e os ricos.
No caso (demanda) Deus versos ricos, a condenação é certa, não há como escapar, a sentença foi dada, os ricos devem chorar por tamanha desventura.
O texto nos revela que os salários dos trabalhadores eram retidos com fraude, não eram pagos, ainda hoje, em nosso ordenamento jurídico pátrio o salário retido pelo patrão se configura como crime.
O pobre não tem forças sequer para clamar, a opressão é grande.
Quem clama, descreve Tiago, é o próprio salário não pago, nos lembra a figura da terra que clama a Deus por justiça ante o sangue derramado quando Caim matou Abel.
E para que, qual o motivo que leva o rico a manter tal postura infame? Somente para ajuntar cada vez mais riquezas, e acumular cada vez mais roupas caras que serão guardadas sem utilização.
Isso tudo se dá diante da necessidade que o rico tem de viver com o luxo enquanto o justo, o justo aqui tratado se trata do pobre, tem morrido a sua volta, numa ação diametralmente direta a sua riqueza.
O eixo vida/morte, luxo/necessidade, supérfluo/imprescindível contrasta os polos deste sistema pernicioso denunciado por Tiago.
Diante de tudo que temos exposto até o momento se verifica que a postura que Deus requer dos cristãos é que assumam uma conduta ética no sentido de nos exortar a se envolver com a nossa realidade e seus dramas.
A luta descampada por Tiago se da no campo da conduta prática e ética cristã como expressão da nova fé.
Assim como Carlos Drummond de Andrade, Tiago se recusa a viver e escrever sobre assuntos meramente especulativos, e trabalha neste sentido para que as comunidades espalhadas pela diáspora não se detenham numa fé sem obras, ele denuncia aos seus destinatários que a fé sem obras é morta, ou seja, nunca existiu.
Tiago revela a seus destinatários que não se deve viver sobre a guarda dos ricos, mas somente de Deus, e chama a atenção para a responsabilidade que os ricos têm diante dos pobres, essa responsabilidade deve se dar no campo do cuidado, proporcionando e promovendo a dignidade da vida humana.
Sendo assim somos chamados a empreender uma postura ativa e profética no que tange a denúncia diante das injustiças sociais que nos cercam.
Somos chamados, assim como Tiago, bem como Drummond, a não vivermos as nossas vidas de maneira alienada aos problemas sociais, mas a de mãos dadas aos nossos irmãos, num sentido de solidariedade, de sofrer juntos com os que sofrem, chorar com os que choram.
A fé deve ser vivida no campo do cotidiano, do dia a dia.
A Bíblia Sagrada é a grande fonte irradiadora de princípios que preserva a dignidade da pessoa humana e construção de uma sociedade mais justa e equânime.  

   


Bibliografia


ANDRADE, Carlos Drummond de, 1902-1987. Sentimento do mundo/ Carlos Drummond de Andrade. — 1a ed. — São Paulo: Companhia das Letras, 2012.
BECQUET, G. A Carta de Tiago: leitura sociolinguística. São Paulo: Edições Paulinas, 1991.
BITTENCOURT, Heitor. IAKΩB A enunciação do discurso religioso: leitura/análise do texto grego na Epístola de Tiago. 2008. 362 f. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo/SP: Disponível em: < http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8142/tde-02122008-165311/en.php>. Acesso em: 19/09/2018.
CROATTO, Severino. “A carta de Tiago como escrito sapiencial” In. Revista de Interpretação Bíblica Latino Americana (RIBLA). Nº.31, p.24-41. Petrópolis/RJ: Vozes, 1998.
CUBAS, Marina Gama. Após a reforma, número de novos processos trabalhistas caiu pela metade. Carta Capital. 01/05/2018. Disponível em:< https://www.cartacapital.com.br/politica/Apos-reforma-numero-de-novos-processos-trabalhistas-caiu-pela-metade> Acesso em: 20/09/2018.
DÉCIO, Jose w.; KONZEN, Léo Zeno. "A vossa riqueza apodreceu: a carta de Tiago, no contexto da resistência das primeiras comunidades”. Estudos Bíblicos
DÉCIO, José W. “Trabalhador e trabalho”, In. Revista Estudos Bíblicos, nº 11. Petrópolis: Vozes, 1986.
KOESTER, Helmut. Introdução ao Novo Testamento: história e literatura do cristianismo primitivo. São Paulo: Ed. Paulus, 2005.
KÜMMEL, Werner Georg. Introdução ao Novo Testamento. São Paulo: Paulinas, 1982.
LAGUNA, Eduardo, RINALDI, Caio. Ações trabalhistas caem mais de 50% após reforma. Estadão. São Paulo. 03/02/2018. Disponível em: < https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,acoes-trabalhistas-caem-mais-de-50-apos-reforma,70002176586> acessado em: 20/09/2018.
MÍGUEL, Néstor O. A Carta de Tiago. Petrópolis: Vozes, 1998.
MOO, Douglas J. Tiago: introdução e comentário. São Paulo: Vida Nova, 1990.
NOGUEIRA, Paulo. “O grito do salário: Conflito no mundo do trabalho em Tiago 4,13-5,6”, In. Revista Estudos Bíblicos Nº.44. O povo da terra. Petrópolis: Vozes/Sinodal, 1994.
NOGUEIRA, Paulo. “A dignidade do pobre numa sinagoga cristã da diáspora – Um exemplo de seguimento da Torá no cristianismo primitivo”, In. Revista de Interpretação Bíblica Latino-Americana. Nº.31. A carta de Tiago. Petrópolis/RJ: Vozes/Sinodal, 1998.
VIEIRA, Rosinaldo Ernesto. A epístola de Tiago: A relação entre fé e obra. Dissertação de Mestrado. Universidade Católica de Pernambuco. Recife, 2018. Disponível em: . Acesso em: 19/09/2018.
TAMEZ, Elsa. A carta de Tiago numa leitura latino-americana. São Bernardo do Campo: Imprensa Metodista, 1985;
VOUGA, François. A Carta de Tiago. São Paulo: Loyola, 1996. 



[1] ANDRADE, 2012, p.34.
[2] LAGUNA, 2018.
[3] CUBAS, 2018.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2019

O caminho para a vida eterna passa pelo próximo

Primeiro sermão como Pastor Licenciado

Título: O caminho para a vida eterna passa pelo próximo.

Texto: Lucas 10.25-37.

Tópicos:

1) Nós devemos ser como o bom samaritano;

2) A igreja deve ser como o bom samaritano;

3) Jesus, o Cristo, é o bom samaritano.

Palavras chaves: Empatia, percepção, compaixão, alteridade, salvação.

Exemplos citados:
Igreja Confessante (Igreja Protestante que se levantou contra a Alemanha nazista) que nos legou a "Declaração Teológica de Barmen";
Igreja Presbiteriana do Brasil que teve como principal resultado da obra teológica, escrita pelo Rev. Eduardo Carlos Pereira em 1886, "A Religião Cristã e suas Relações com a Escravidão", a monção de repudio a escravidão.
(http://www2.senado.leg.br/bdsf/handle/id/221739)

Citação: Albert Eistein apud Rev. Valdinei Ferreira:

"Por fim, o físico Albert Eistein, depois da queda de Hitler, afrmou que esperava que as Universidade oferecessem resistência ao totalitarismo, mas elas silenciaram diante dos abusos; esperava que os jornais lhe fizessem oposição em nome da liberdade de pensamento, mas ele rapidamente aderiram ao nazismo. Entretanto, Eistein, que nunca havia admirado nem se interessado pela igreja cristã, diante do testemunho da igreja Confessante, disse que havia aprendido a admirar e a respeitar os cristãos, pois foram os únicos que se colocaram no caminho de Hitler" (FERREIRA, 2018, p.27). 


FERREIRA, Valdinei. Jornal. O Estandarte. nº 11. Editora Pendão Real. São Paulo/SP. 2018.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

O lar cristão: Pais e filhos



O capítulo 6 da epístola aos Efésios inicia com a seguinte exortação do apóstolo Paulo aos cristãos de Éfeso: “¹ Filhos, obedecei a vossos pais no Senhor, pois isto é justo.² Honra a teu pai e a tua mãe (que é o primeiro mandamento com promessa),³ para que te vá bem, e sejas de longa vida sobre a terra.”  O texto continua: 4 E vós, pais, não provoqueis vossos filhos à ira, mas criai-os na disciplina e na admoestação do Senhor.”

Paulo faz uma citação literal do texto que se encontra no livro de Êxodo 20.12 para ensinar aos cristãos de Éfeso o quinto mandamento.

O apóstolo nos lembra da extrema importância, até por ser a nítida vontade de Deus, de que pais e filhos tenham um relacionamento saudável, amável e cordial. Para isso, nós (me incluo) que somos filhos, devemos de bom grado estar debaixo da autoridade de nossos pais em submissão e obedecê-los como se estivéssemos obedecendo ao próprio Senhor.

Mas não para por aí, como citado acima, Deus quer que pais e filhos vivam em comunhão, por isso também ordenou aos pais para que não provoquem a ira de seus filhos.

Devemos cumprir por amor ao Senhor, mas Deus, em sua infinita graça, ainda nos recompensa com uma promessa de benção especial para todos que cumprirem este mandamento, pois a palavra εὖem grego significa ser afortunado, passar bem, prosperar também encontramos a seguinte tradução: “Para que você seja feliz e tenha vida longa sobre a terra”.


Querem ser felizes? Então mãos a obra, filhos, amem e honrem seus pais, de igual forma, pais amem a seus filhos. 

quarta-feira, 11 de maio de 2016

A Eficácia da Palavra


O profeta Isaías nos revela em seu livro, 55.10-11, a seguinte verdade sobre a eficácia da Palavra de Deus: 

“Porque assim como descem a chuva e a neve dos céus e para lá não tornam, sem que primeiro reguem a terra, e a fecundem, e a façam brotar, para dar semente ao semeador e pão ao que come, assim será a palavra que sair da minha boca: não voltará para mim vazia, mas fará o que me apraz e prosperará naquilo para que a designei”.

Estamos vivendo um momento histórico onde, graças a tecnologia, nunca se pregou tanto o evangelho de Cristo quanto nos nossos dias.

Mas, ao refletir sobre a passagem descrita no livro de Isaías e olhar para seara cristã, no cenário brasileiro e mundial, me pergunto o porquê o crescimento ainda é tão lento e esporádico.

O Padre Antônio Vieira, famoso orador português que viveu no século XVII, ao refletir sobre o assunto teceu o seguinte comentário em seu Sermão da Sexagésima: 

“Pregam palavras de Deus, mas não pregam a palavra de Deus. As palavras de Deus, pregadas no sentido em que Deus as disse, são palavras de Deus; mas pregadas no sentido que nós queremos, não são palavras de Deus, antes podem ser palavras do Demônio”.

O que estou querendo demonstrar é que a eficácia da Palavra está no seu correto emprego e não no sentido que achamos mais conveniente e cômodo, a eficácia da Palavra está na sua totalidade e não de forma mitigada.

O diabo citou o Salmo 91.11 ao tentar Cristo pela segunda vez, mas utilizou-a de forma distorcida de seu sentido original.


Se quisermos experimentar a eficácia da Palavra de Deus que usemos em seu correto sentido para, só então, colheremos dos céus os seus abençoados frutos.


terça-feira, 14 de abril de 2015

Eles Precisam Saber

"Eles Precisam Saber" é o título de uma das inúmeras composições da Banda Resgate.

A letra denuncia os líderes religiosos que criam diversos sistemas ideológicos com o único intuito de manipular seus membros e mantê-los longe da verdade. Denuncia os religiosos que lançam mão de todos os recursos disponíveis no mercado para aprisionar, manter na escuridão e matar em vez de libertar, trazer à luz e dar vida! Lobos em pele de cordeiros não pregam a graça de Cristo! Não se pode comprar o dom que Deus nos dá, mas os lobos insistem na velha barganha, loucos!


 https://www.youtube.com/watch?v=HRhumHx-nr0


Eles só querem saber como é possível viver 
Só querem aprender pra poder decidir 
Eles só querem entender 
Eles só querem sentir a fé que pode existir 
Que podem descansar, que podem esperar 
E não desfalecer 

Alguém precisa falar, eles precisam saber 
Que não se vende fé 
Saber que Deus não é o que se vê na TV 
E eles precisam ouvir só o que Deus quer dizer 
Será que ninguém vê que é preciso amar 
Eles precisam saber 

 E eles precisam saber o que é a graça de Deus 
Que aquilo que Deus faz, aquilo que Deus tem 
Não se pode comprar 
Eles precisam saber que Deus pode se mover 
Por aquilo que são, por compaixão 
E não pelo o que podem dar 

Alguém precisa dizer, alguém precisa pregar 
Que Ele veio pagar, que Ele veio morrer 
Pra que possam viver Eles precisam de amor, eles precisam ver 
Que a inocência traz o risco de pagar 
Pelo o que não vão ter 

Eles precisam de Deus, eles precisam de paz 
Eles não querem pais, não querem faraós 
Nem um capataz 
Eles precisam saber que agora podem pensar 
Que aquilo que Deus vê, 
O pregador não vê, o predador não dá 

Eles precisam de Deus, eles precisam de mais 
Eles não podem ver, eles precisam luz 
Precisam enxergar 
Eles precisam andar, precisam se libertar 
Eles só querem Deus, eles só querem paz 
Eles só querem amar 

Eles precisam saber que eles não são de ninguém 
Que ninguém pode dar e nem manipular 
Aquilo que Deus tem 
Precisam ver o céu, precisam ver a cruz 
Precisam se entregar, 
Precisam confessar o Nome de Jesus

sexta-feira, 23 de março de 2012

Reformas e mais reformas


“... Se pesquisarmos a causa de todas as corrupções humanas, descobriremos que elas derivam da impunidade dos criminosos e não da moderação das punições. (Barão de Montesquieu).”

Meados de 2011 houve um colóquio sobre o ciclo de reformas dos Códigos de Processo Civil, Processo Penal, Direito Ambiental e Direito Eleitoral, organizados e coordenados pelo Ministro Gilmar Ferreira Mendes em parceria com a FIESP. Dos quatro temas acima apresentados, consegui assistir apenas dois, quais foram “Reforma do Código de Processo Civil e Código Eleitoral”.

Uma das coisas que me chamou a atenção neste colóquio foi o relato do Elival da Silva Ramos (professor titular da USP e Procurador-Geral do Estado de São Paulo), no qual diz que em uma de suas viagens de trabalho ao exterior, um colega de outro País, lhe fez a seguinte indagação: “qual lei o Brasil estava reformando desta vez?”. O professor nos justificou que esta questão se deve ao fato do nosso País estar constantemente reformando suas leis, e que o Brasil é conhecido “lá fora” por essas inúmeras reformas.

O que pretendo neste introito é chamar a atenção sobre as constantes alterações que as legislações vêm sofrendo, se vê facilmente por meio das diversas mídias de comunicação um verdadeiro bombardeio de leis e projetos de leis que são alvos das reformas e emendas.
Há reformas que realmente são necessárias devido a sua ausência, ou a insuficiência de leis para regular determinado caso, outros nem tanto, tais como leis penais que são criadas para majorar ou agravar determinadas condutas, ou leis que querem equiparar uma conduta civil como conduta típica e antijurídica.

Tais reformas são realizadas quando o Estado querendo inibir certas condutas que julga prejudicial à sociedade eleva sua pena, ou torna ainda mais rígida, para que desta maneira as pessoas não venham a pratica-las, quer por acharem imorais, quer por sentirem medo de suas consequências.

Diante deste quadro, surge uma questão muito importante e que será o motivo desta reflexão, será que se agravar a penalidade, ou ainda tornar as leis e o Estado mais rígido em relação a determinadas condutas que se pretende inibir seria uma solução para acabar com tais práticas? Será que se retornarmos a idade média, onde além do patrimônio, o corpo também respondia pelos danos causados, será que resolveria alguma coisa?

Há uma frase muito utilizada no meio acadêmico e que se faz necessária aqui, ela diz o seguinte “Um povo que não conhece a sua história está condenado a cometer os mesmos erros”.
Montesquieu versando sobre o poder das penas, nos relata que em determinados países, cujo governo se utiliza da violência como instrumento para erradicar condutas indesejadas e que estão se proliferando, comportamentos estes que saem do seu controle, o Estado irá produzir penas maiores e mais violentas, para intimidar seus infratores.

“Os assaltos nas estradas tornaram-se comuns nesses países; a fim de remediar esse mal, inventaram a pena de quebrar pernas e braços no suplício da roda, cujo o terror pôs fim, durante algum tempo, a essa prática perniciosa. Mas, logo depois, os assaltos nas estradas tornaram-se tão comuns como antes..”

Deve-se observar que a violência e o medo decorrente da penalidade foram capazes de dar um basta nos assaltos, mas o problema é que esse basta, foi apenas por um curto período, logo, como se pode notar, o problema irá retornar ao estado anterior (a quo).

Assim sendo, o grande problema não estão no grau de violência que decorre da pena aplicada ao sujeito infrator, mas sim a efetiva impunidade, surgindo à máxima supracitada no início desta reflexão, que na realidade a impunidade, é uma inação do Estado, que fomenta condutas das quais se “quer” erradicar da sociedade.

Para quem ainda tiver interesse recomendo a pesquisa da teoria da janela quebrada, surgida na década de 80 nos Estados Unidos da América.

Portanto, não acredito em determinadas reformas, o que acredito é que a Republica Federativa do Brasil deve acabar com a impunidade dos infratores, só assim caminharemos a uma sociedade livre e justa.

Referências bibliográficas

Os grandes filósofos do direito: leituras escolhidas em direito/Clarence Morris (Org.) – São Paulo: Martins Fontes, 2002. – (Coleção justiça e direito).

terça-feira, 26 de julho de 2011

O Contrato.





De tempos em tempos gosto de escrever sobre um determinado assunto, como todos devem saber conclui com chave de ouro minha graduação em direito, isto porque além de ter finalizado no final de 2010, consegui passar na tão temida prova da OAB, o mais sublime foi que alcancei este objetivo ainda no 9º semestre, ou seja, seis meses antes de concluir o curso. Quero com isso deixar registrado neste intróito os meus mais profundos agradecimentos a Deus, o qual me sustentou, e continua a me sustentar durante todo o meu caminho percorrido.

O mundo em que vivemos fora marcado por homens que devido a sua trajetória, postura e ideais acabaram, de um modo ou de outro, perpetuando seus nomes na história, tais como Pitágoras, Sócrates, Platão, Aristóteles, Jesus Cristo, John Locke, Santo Agostinho, Jean-Jacques Rousseau, Rene Descartes, John Huss, Jerônimo Savonarola, Martinho Lutero, etc. São nomes que se pronunciados em quase qualquer canto do mudo serão certamente reconhecidos.

Desta maneira quero tecer um breve comentário sobre a vida de Jônatas Edwards, homem este que influenciou toda uma geração, conhecido pelo lendário sermão “Os pecadores nas mãos de um Deus Irado”. Jônatas nasceu em 1703 e faleceu em 1758, fez parte de um dos maiores movimentos deste mundo, conhecido como “O grande despertamento”. Edwards aos sete anos obteve o costume de orar cinco vezes ao dia todos os dias. Aos treze anos iniciou seus estudos no curso do Yale College, fato que o levou a ler o celebre: “Ensaio sobre o entendimento humano” de John Locke, o que acabou comentando: “achei mais gozo nisso do que o mais ávido avarento, em ajuntar grandes quantidades de ouro e prata de tesouros recém-adquiridos”. ¹, tamanho era sua sede pelo aprendizado. Aos dezessete anos se formou com honras, e sempre estudou com muita obstinação, também se dedicava a leitura da bíblia.

Outro fato que me chama atenção é a entrega formal que Jônatas Edwards fez com Deus, aos vinte anos de vida ele redigiu um contrato, no qual entabulou a entrega de toda sua vida a Deus, para que segundo Jônatas, nunca pensasse em ter direitos sobre alguma coisa, tendo um comportamento de máxima entrega com o Rei dos reis e Senhor dos senhores.

Este é um ato de extremo altruísmo, pois, partindo deste princípio Jônatas se declarou independente do seu “eu” para viver tão somente para Deus, será que nós, isto porque me incluo neste questionamento, temos a audácia de fazermos a mesma coisa? Ter a mesma atitude? De entregarmos a nossa vida por completo sem restrições, de acabar com o nosso ego? Devo confessar que é um passo a ser tomado e que não é fácil, mas por outro lado não seria loucura ter uma vida fora dos propósitos de Deus? Claro que sim! A Maior loucura de todos nós é acharmos que somos plenamente independentes de Deus.

Que nós possamos nos dias de hoje entregar nossas vidas sem reservas de domínios ao Rei dos reis e Senhor dos senhores, e confiarmos plenamente que suas mãos ira nos sustentar.

Num próximo encontro falarei sobre a lendária pregação de Jônatas Edwards, “Os pecadores nas mãos de um Deus Irado”.

Adios los hermano!

Referência bibliográfica

¹ Boyer, Orlando. Heróis da fé. Editora CPAD, 15 edição, 1999.